2012: superprodução do cinema reaviva ideia do fim do mundo

12-11-2009 21:42

É impossível não se impressionar com as imagens poderosas, o sofrimento das pessoas, a ruína, enfim, de tudo o que conhecemos como civilização. Difícil também não imaginar, a despeito do sensacionalismo infalível de 2012, novo filme do diretor Roland Emmerich, que estreia na sexta-feira (13) em todo o planeta, se, de fato, as dezenas de profecias que anunciam o fim do mundo para daqui a pouco mais de dois anos não terão um fundo qualquer de verdade.

Talvez a sensação seja parte do plano megalomaníaco de Emmerich, o maior representante do cinema catástrofe da atualidade, diretor de Independence Day (1996), Godzilla (1998) e O dia depois de amanhã (2004). Fazer com que seus espectadores viajem na virtual concretização de premonições que remontam aos alicerces da cultura maia e deixem para lá o mar de clichês que o cineasta utiliza ao longo das quase três horas de exibição (absolutamente, todos os que Hollywood já fabricou).


Megaprodução que custou US$200 milhões, ‘2012’, de Roland Emmerich,
estreia amanhã nos cinemas

Dessa vez, ele mostra o fim real do mundo inteiro (sem áreas preservadas, como aconteceu em O dia depois de amanhã, o melhor de sua filmografia), desencadeado por uma série de alterações súbitas no clima, que resultam na inversão das polaridades do globo, derretimento maciço de gelo e deslocamento de placas oceânicas. Resultado: tsunamis imensos vindo de tudo quanto é lado, erupções vulcânicas de proporções nunca vistas e terremotos colossais.

Dramalhão
2012, que custou U$ 200 milhões, é uma obra típica de Emmerich. E não só pelos efeitos arrasadores que ele costuma usar para ilustrar suas histórias. O tom acima está também na trama simplória que destaca um homem tentando superar as adversidades para recuperar o amor da família.

Separado da mulher (Amanda Peet), que se casou novamente, e dos dois filhos, Jackson Curtis (John Cusack, cada vez mais careteiro) é autor de um livro sobre a civilização perdida de Atlântida, que (coincidência!) também afundou e sumiu do mapa. A graça está no fato de ter que virar herói para conseguir de volta a autoconfiança e o amor dos filhos e da ex-mulher.

Não fossem escritos com a intenção de reforçar o drama embutido no roteiro, os diálogos de 2012 tenderiam naturalmente para a comédia. São rasos, piores que os de Independence Day, ganhador do Oscar de efeitos especiais, categoria que esse novo produto da grife Emmerich deve ser forte candidato. O roteiro é nitidamente inspirado no livro do Apocalipse e no trecho bíblico que narra a saga de Noé, construtor da arca que salvou os seus familiares do grande dilúvio.

O diretor reproduz essa ideia semomenor pudor de parecer piegas. A diferença é que seus passageiros não foram escolhidos por Deus: pagaram um milhão de euros por cabeça para entrar numa das cinco arcas que o governo americano construiu. Aí fica claro o tom de crítica: nem mesmo à beira da morte o homem deixa de lado o poder de fogo do dinheiro.

Na trilha de Obama
Ninguém pode ter certeza, afinal Emmerich garante que não foi influenciado por Barack Obama. Mas o fato é que o presidente (Danny Glover) dos EUA em 2012 é negro, sábio e altruísta. E, queridíssimo pelos membros do G8 (após o comportamento desastroso de Bush), honra esse respeito sacrificando a si próprio em nome da honra e da verdade. Curiosamente, outro personagem fundamental na trama também é negro: o cientista Adrian Helmsley (Chiwetel Ejiofor).

Gênero muito popular, o filme-catástrofe nasce da mistura de três elementos principais: enredo apocalíptico, apelo melodramático e cenas de ação, de preferência com efeitos especiais que enfatizem o clima de tensão. Nisso, não há como negar: 2012 é uma beleza. E, justamente por este aspecto, provavelmente vai arrebentar nas bilheterias.

Livro destaca várias teorias sobre o caos
Guarde essa data: 12 de dezembro de 2012. É o dia em que o mundo vai acabar. Isso porque, segundo uma antiga previsão maia, um cataclismo global há de destruir o planeta como conhecemos. A previsão, que tem atravessado as últimas décadas embalada em diversas teorias conspiratórias, ganha diferentes interpretações no livro.

O mistério 2012 - Predições, profecias e possibilidades (Geração Editorial, R$36 386 páginas), no qual diversos estudiosos opinam sobre o assunto. Na primeira parte, a obra procura chegar à raiz do significado da data, apresentando a civilização maia e a elaboração de seu calendário, que se encerra em 24 de dezembro de 2011.

Em seguida, o livro destaca as profundas transformações de ordem social, econômica e política aguardadas para o ano misterioso. O destaque vai para a argumentação de Ervin Laszlo, que vê 2012 como o desfecho das mudanças que a sociedade passou do século XVII para cá. Para encerrar, a corrente espiritualista dá sua opinião sobre os simbolismos da data.

5 catástrofes na telona
O dia depois de amanhã
Roland Emmerich/2004 - Mostra a Terra voltando à era glacial. 

Impacto profundo
Mimi Leder/1998 - Dois enormes cometas viajam na direção da Terra. 

Armageddon
Michael Bay/1998 - Grupo de astronautas encarregado de dividir ao meio um asteroide que ameaça a Terra. 

Asteroide
Bradford May/1997 - Outro meteoro que ameaça destruir geral. 

Independence Day
Roland Emmerich/1996 -Uma raça de ETs quer extinguir os humanos e dominar a Terra.

1939
Quem e o que previu - Ninguém disse nada em especial, mas os boatos estiveram presentes durante todo o tempo. 

O que aconteceu - Estourou a Segunda Guerra Mundial, a coisa mais parecida com um apocalipse.

1980
Quem e o que previu - Um astrólogo árabe dizia que o mundo acabaria com Saturno e Júpiter em conjunção com o signo de Libra a 9 graus, 29 minutos. 

O que aconteceu - Nada, constatou-se que ele estava completamente errado

1982
Quem e o que previu - No livro O efeito Júpiter, astrônomos previram um cataclismo para 10 de março de 1982. 

O que aconteceu - Só um terremoto dois anos antes, que, segundo o autor, modificou o tal efeito

1999
Quem e o que previu - Diversas profecias previram o fim do mundo em 11 de agosto de 1999. 

O que aconteceu - Nada de grave aconteceu e a culpa foi parar nas costas de Nostradamus, o profeta mais popular de todos.

2000
Quem e o que previu - Disseram que o Juízo Final ocorreria 2.000 anos após o nascimento de Jesus Cristo. 

O que aconteceu - Explicaram que a data certa é 2.000 anos após a morte de Cristo


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