Bastidores das novelas parte 1

09-10-2009 14:33

As novelas integram a programação desde os primórdios da tevê no Brasil, na década de 50. Ganharam impulso decisivo a partir das décadas de 60 e 70, dentro da Rede Globo, que transformou a sua produção num processo industrial altamente profissional e bem-sucedido, do ponto de vista da audiência e da rentabilidade.

 

 
Capa do livro "Autores"

Não à toa, a própria Globo vem demonstrando preocupação em registrar uma parte desta história, ao menos a parte que lhe cabe, por meio do projeto Memória Globo. É dentro desse contexto o esforço que levou à publicação, agora em dezembro, de “Autores – Histórias da Teledramaturgia” (Editora Globo, R$ 72), dois catataus com 482 páginas cada, dedicados a ouvir os depoimentos de 16 autores de novelas.

Não se pode deixar de lamentar o “recorte” do projeto, que privilegia basicamente a própria produção da Globo e os autores “da casa”, deixando de fora quase tudo feito fora de seus domínios. Ainda assim, o resultado do projeto está longe de poder ser desprezado como uma iniciativa “chapa-branca”.

Do confronto dos entrevistadores, coordenados por Silvia Fiúza e Ana Paula Goulart Ribeiro, com os autores de telenovelas, é possível vislumbrar um mundo complexo, repleto de contradições, sujeito a todos os tipos de pressão (da própria direção da emissora, de diretores, atores, do público e da imprensa) e a um modelo de trabalho assustadoramente industrial.

São entrevistas fluviais, repletas de detalhes que podem interessar tanto o pesquisador acadêmico quanto o apreciador de novelas. Aparecem nas entrevistas as vaidades, os conflitos, as frustrações e os sonhos desses escritores envolvidos numa rotina pesada, mas muito bem remunerada.

São, evidentemente, entrevistas desiguais. Os autores mais novos tem muito menos para contar e mais dificuldades para deixar o ego de lado e refletir sobre o próprio ofício. Autores como os veteranos Benedito Ruy Barbosa, Walter Negrão e Manuel Carlos falam pelo prazer de falar e contar histórias. As entrevistas com Aguinaldo Silva, Gilberto Braga e Silvio de Abreu também são reveladoras de meandros do ofício.


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