Funkeiros viajam em trem lotado de música e alegria

22-11-2009 19:17

 

  Foto: Alba Valéria Mendonça / G1

Neguinho da Beija-Flor cantou e dançou funk

Pela primeira vez na vida de pelo menos 1.800 passageiros, viajar num trem lotado e sem ar-condicionado, num dia feriado, debaixo de um sol de quase 40 graus foi, motivo de muita alegria. 

Com disposição para balançar da Central do Brasil até a estação de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, cerca de 1.800 funkeiros embarcaram no primeiro Trem do Funk.

Acompanhados do promotor de eventos Rômulo Costa, do secretário estadual de Transportes Júlio Lopes, e do sambista Neguinho da Beija-Flor, dezenas de MCs e DJs fizeram os passageiros rebolar até o chão, dançar, cantar e suar sem parar. 

Batidão

Por onde passava, o batidão contagiava. A funkeira Juliana Boareto, uma das mais empolgadas, destacou a importância de mostrar que o movimento cultural nascido na favela já está complemente integrado ao asfalto.

“Vamos mostrar que o funk é movimento cultural importante e que anda nos trilhos”, disse Juliana, lembrando que no baile na praça próximo da estação de Belford Roxo, serão recolhidas doações para as vítimas da enchente da Baixada. 

'Olha o funk aí, gente'

Com o grito de “olha o trem do funk aí, gente”, Neguinho da Beija-Flor anunciou a partida do trem da Central do Brasil. E nenhum dos passageiros se importou ou reclamou do atraso de quase 15 minutos da saída da composição.

“Assim como o samba, o funk também sofre discriminação. Mas como o samba, ele também está sendo reconhecido pela sociedade. O funk é a música do futuro”, disse o sambista, que cantou um funk de sua autoria.

Os passageiros, a grande maioria formada de jovens, saudavam o público pelo caminho. E eram aplaudidos por que estava do lado de fora. A estudante Karina Souza, de 19 anos, aprovou a ideia do Trem do Funk e espera que ela se repita outras vezes.

“É muito legal, todo mundo dançando, cantando na maior paz. Funk é isso, não é violência como o pessoal acha por aí”, disse Karina.

Para o secretário Júlio Lopes disse que a intenção do projeto é promover cada vez mais a integração com a diversidade cultural do Rio. “O funk é uma forte manifestação genuína do Rio e que agora ganha mais este espaço”, disse ele, que não descarta a possibilidade de promover também um Trem do Rock: “Basta os roqueiros se organizarem e pedir que a gente arruma um espaço”.


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